Ministério Público Federal (MPF) apresentou nesta terça-feira
denúncia à Justiça contra o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine por
quatro crimes relacionados ao recebimento de propina de 3 milhões de reais da
Odebrecht no âmbito da operação Lava Jato, e estimou pena de 25 anos de prisão
para o executivo caso seja condenado.
Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras
Bendine foi denunciado
pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, pertinência à
organização criminosa e embaraço de investigação, o que faz dele o primeiro
ex-CEO da petroleira a ser denunciado por envolvimento no escândalo de
corrupção. Além dele, outras cinco pessoas também foram denunciadas pelo MPF
neste caso. "É relevante
afirmar que a solicitação de propina por Aldemir Bendine foi efetuada quando
este assumiu a presidência da Petrobras, o que mostra o tanto que era audaz a
prática da criminalidade, justamente por aquele que foi à Petrobras para sanear
os problemas de corrupção da companhia", disse o procurador da República
da força-tarefa da Lava Jato Athayde Ribeiro Costa em entrevista coletiva em
Curitiba.
Bendine, que está preso
pela Polícia Federal desde o fim de julho, foi presidente-executivo da
Petrobras de fevereiro de 2015 a maio de 2016, tendo sido indicado para o cargo
pela então presidente da República, Dilma Rousseff, após a deflagração da Lava
Jato. Antes de assumir a petroleira, Bendine foi presidente do Banco do Brasil.
Os procuradores
afirmaram que Bendine solicitou os benefícios irregulares à empreiteira
Odebrecht se apresentando como interlocutor da Presidência da República, mas
que não há qualquer indício de participação de Dilma nos fatos investigados.
De acordo com as
investigações, Bendine inicialmente fez pedido de pagamento de propina à
Odebrecht, no valor de 17 milhões de reais, na época em que estava à frente do
Banco do Brasil para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da
empreiteira, mas o pagamento não foi efetuado.
No entanto, às vésperas
de assumir a Petrobras, Bendine e seus operadores voltaram a pedir pagamento de
propina da empreiteira, que acabou pagando 3 milhões de reais de forma
irregular em troca de benefícios dentro da estatal, inclusive em relação às
consequências da própria Lava Jato.
Caso seja condenado
pelos quatros crimes pelos quais foi denunciado, Bendine deve receber pena de
25 anos de detenção, na avaliação dos procuradores, que pediram a prorrogação
da prisão preventiva do executivo.
"Recebimento de
propina no avançar da Lava Jato, com práticas de lavagem de dinheiro em tão
recente tempo, mostra que é necessário estancar a habitualidade criminosa de
Aldemir Bendine, por isso a necessidade da prisão se mantém e deverá, a juízo
do Ministério Público, continuar", afirmou o procurador da República.
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