Palocci diz que seu motorista entregou a Lula propina de R$ 10 milhões

Ex-ministro detalha em delação como fazia chegar pacotes de dinheiro a Lula






























Preso há 20 meses e condenado a 12 anos por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-ministro petista Antônio Palocci está cumprindo a promessa de revelar informações detalhadas capazes de garantir “mais de um ano de Lava Jato”. Deprimido, com dez quilos a menos e sem perspectivas de sair da cadeia, Palocci expôs em sua delação a acusação de que o ex-presidente Lula contava com um serviço particular de entrega de propina, através do motorista do próprio ex-ministro, que em apenas uma das entregas, repassou R$ 10 milhões ao líder petista que também está preso e condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.
Palocci disse à Polícia Federal que havia R$ 40 milhões reservados na contabilidade da corrupção da Odebrecht para suas “despesas pessoais” e que um “pacote de propinas” fechado por Lula com Emílio Odebrecht chegaria a R$ 300 milhões, para beneficiar o ex-presidente petista e Dilma Rousseff, eleitoral e pessoalmente, com recursos desviados da Petrobras por empreiteiras, em esquema tramado no gabinete presidencial do Palácio do Planalto.
Segundo reportagem da IstoÉ, Palocci disse que Lula recebia propina e as senhas para se referir ao pagamento do dinheiro sujo de um motorista do ex-ministro, porque o petista não dirigia o próprio carro.
O ex-coordenador das campanhas petistas apresentou datas, horários e locais onde o dinheiro era entregue; a exemplo da ocasião em que seu assessor direto, Branislav Kontic, o “Brani”, num fim de semana, entregou um pacote para o ex-presidente petista, na sede do Instituto Lula, em São Paulo.
Palocci afirma que o ex-presidente Lula recebeu mais de R$ 10 milhões em dinheiro vivo das mãos de Brani. Mas não foi só isso. No fim de 2010, segundo a reportagem de Germano Oliveira e Tábata Viapiana, o assessor de Palocci transportou várias remessas de dinheiro vivo para Lula, em quantias que somavam R$ 50 mil cada pacote.
O entregador atendia a algumas demandas de Lula por discrição, quando o ex-presidente mandava deixar o malote em locais previamente combinados. E Paulo Okamotto também teria participado das entregas.
PACOTE DE R$ 300 MILHÕES
Ainda segundo Palocci, valores que atingiram R$ 40 milhões para Lula ficavam reservados na conta “Amigo”, mantida no departamento de propinas da Odebrecht. E somente o ex-ministro podia autorizar a movimentação do dinheiro, que seria uma contrapartida à facilitação das operações da Odebrecht no governo Dilma, com quem Marcelo Odebrecht não tinha boa relação.
Entre o final de 2013 e início de 2014, Palocci sacou da conta “Amigo” R$ 4 milhões para cobrir um rombo nas contas do Instituto Lula. E Okamotto, que teria autorização para falar em nome de Lula para cobrir as despesas do petista teria sido escalado pelo ex-presidente para cumprir a tarefa.
“O Paulo Okamotto (presidente do instituto) me disse que tinha um buraco nas contas e me pediu ajuda para resolver”, disse o ex-ministro que era identificado na planilha da propina como “Italiano”.
Além desses valores, o ex-ministro revelou que Lula fechou com o patriarca da empreiteira, Emílio Odebrecht, um “pacote de propinas” no valor de R$ 300 milhões para que o ex-presidente e Dilma utilizassem sempre que fosse preciso. Montante usado nas campanhas petistas, principalmente na que reelegeu Dilma em 2014. Bem como para pagar palestras fictícias de Lula, através de sua empresa LILS, que recebeu pelo menos R$ 30 milhões de empreiteiras a título de conferências não realizadas, segundo Palocci.
A reportagem da IstoÉ afirma ainda que, no nascedouro da Sete Brasil, para produzir sondas de exploração de petróleo para a Petrobras, em 2010, metade dos R$ 153 milhões desviados foi para atender Lula.
A Sete nasceu com a participação da Odebrecht, OAS e UTC e receberia US$ 4,8 bilhões por seis sondas, com destinação de 1% dos contratos para propinas, inclusive para o bolso do ex-presidente petista, cujo codinome nessa operação era “sapo barbudo”, criado pelo ex-gerente da Petrobras e dirigente da Sete, Pedro Barusco.
Palocci confirmou ainda que o ditador da Líbia Muammar Kadhafi, morto em 2011, enviou ilegalmente R$ 1 milhão para a campanha de Lula em 2002.

Fonte: IstoÉ




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